terça-feira, 16 de junho de 2009

SONHO


Se todas as luzes se apagassem,
E nas trevas total eu me encontrasse,
Bastaria apenas um instante para te encontrar.

Seguiria a poeira cintilante,
Que somente teu coração amante,
Consegue deixar ficar.

E nem o meu dominante receio
Consegue me afastar do meio
Em que o teu amor envolve

E por mais longe que eu vá
A vida me devolve,
Por ser tão grande esse amor!

domingo, 14 de junho de 2009

O TEMPO


Um sentimento estranho no peito,
Sem tempo, fora dele e perto da dor!
Talvez por ser sonhador, e sem jeito
Ferido por lembrar épocas, momentos...amor!

É viver olhando o atrás por ruas, esquinas e sombras
Que ainda não desfizeram a forma,
E buscar em qualquer beco, um canto que a luz clareia
Ou, mesmo o sentido,
Que pra compor me incendeia.

Negar o sentimento que habita o tolo e distraído
É se atirar no rio, e não se molhar!
Por vezes ao rio ou o mar
Que banha as rochas, sem nada, sem sentido, sem se importar!

Viver assim, envolvido pela emoção,
É sina do triste poeta que sofre,
A dor que o tempo não apaga...
E saber que o tempo ainda se move!

quarta-feira, 10 de junho de 2009

TRANSPARÊNCIA


Andava o homem sobre a terra, entre sonhos do querer curvado, bruscamente sobre o próprio ser, sem ver que lhe seguiam os passos, estranha figura que se arrastava pelo chão.
Aonde ia o moribundo, médico, engenheiro ou mercador, lá estava o seguidor, o não notado, o obscuro anonimato companheiro.
Um dia, por ter acordado mais cedo, bebeu da brisa, pequena medida de aragem a fé. É manhã, que bom, ninguém para me notar e não notar ninguém. Os passos ressoavam nos muros, e lá vai ele, sem rumo, espalhando com seus movimentos as folhas amarelas de outono brilhante, que no chão bailavam. Respirou profundamente, com se houvesse do útero materno saído e, ao aspirar, sentiu que algo mais saíra dele, não pela boca, mas por sua mente. Sentiu-se feliz neste instante. Percebeu o seguidor, parou e voltou-se para ele, e perguntou:
_Que fazes você a me seguir? Não percebe que vou a lugar nenhum?
_Não posso resistir, responde o seguidor, aonde vais estarei contigo, pois sou sua conseqüência meu amigo.
_Mas assim não terei descanso com você me acompanhar.
_Agora você notou-me, pois estais pronto a compreender. Não sou do mundo como você. Se estou aqui é porque aqui estais em vida longa e matéria. Eu sou tua sombra, pois você se colocou contra o sol. Se tentares me alcançar, estarás andando para trás, pois tenho a medida do tempo, distancia infinita entre você e eu; se pra frente correres estarás fugindo do que criastes e próximo do sol, da Terra, que é o meu oposto. Você me fará maior para seu desgosto.
_Que poderei eu fazer? Como resolver este impasse?
_Só há um caminho a seguir. Negue o mundo em que estás, conheça a paz do infinito, pois, estais aqui não para querer o grito, mas para a Paz servir. O caminho é dentro de ti, buscar o saber sem querer e, da fonte deixar a água fluir, oferecer sem teimar, saciar a sede do mundo nebuloso... Assim deixaras de ser nesta terra um sol preguiçoso.
_Mas se não aceitarem o que ofereço?
_Da compreensão depende o momento. Quem nega o saber que pague o preço. Quem não espalhar luz, na sombra ficará. Assim caminhe em outra direção ou fique onde estás, pois, não dependes de teu corpo para à distancia poder brilhar.
O homem sobre a Terra em sua essência se fez transparência. E a sombra se desfez, e o dia agora, é dia de paz!

terça-feira, 9 de junho de 2009

DANI, A BRUXINHA.




A intrusa amiga,
Que soube sutil invadir.
A medida do tempo indeciso
E por caminhos meus descobrir.

O não "ser" uterino,
De repente nascido,
Sorrateiro menino,
Guerreiro ungido!

Esperou o meu "ser"
Parecer distraído.
Se apoderou das sementes guardadas em mim,
Caminhou pelos campos,
Onde eu havia esquecido
E, com mãos firmes,
Cultivou-as em meu jardim!

AVE NOTURNA


Quando na noite de olhos abertos não vejo
O sangue no corpo esquenta, gela meu coração!
Procuro debaixo das cobertas
Esconder meus dedos
Esconder meus medos

O pensamento me abandona desafiando
O medo que os meus olhos confirmam
Procurando uma sombra que move.

Os castelos estão formados
Príncipes negros atravessam portões
Dragões gritam no ar
Caem as muralhas
No fosso há fumaça
Eu sou apenas olhos
Apenas olhos

Ave noturna estremece meu corpo
Mas a satisfação de saber que ela voa como um sabiá
Faz o filho da noite descansar
Ave noturna
Ave noturna

Papai acende um cigarro
Ilumina o dia
No travesseiro me agarro
Meu grande quarto eu via
Tudo no lugar que eu amava

Quem sabe apenas dormia
Quem sabe apenas sonhava.